"A Descoberta"
De algum lugar muito distante, olhares extremamente curiosos observam o minúsculo planeta anos-luz à frente, orbitando em seu translado habitual, circundando o centro do sistema solar. É apenas uma pequena esfera azulada por demais bela, vista assim do espaço longínquo. Aparentemente, paira imóvel num ponto fixo do espaço, emitindo uma luz de um azul brilhante que lhe dá primoroso destaque entre tantos outros corpos celestes. Embora, sendo um dos menores, não deixa de ser um dos mais perfeitos e exuberantes. Desperta até mesmo um desejo ambicioso de tocá-la com a mão, de possuí-la sobre um pedestal na sala de estar.
Ao se aproximarem daquela imagem minúscula, de certa forma frágil diante da imensidão do universo, ela vai se avolumando e dispersando seus ares de fragilidade. Aos poucos vai perdendo sua cor azulada para dar lugar a outras formas de grandezas imensuráveis. Olhando mais profundamente, dentro das linhas de sua circunferência, avistam-se nítidos e novos detalhes menores, mas não menos admiráveis, belos e, ao mesmo tempo, complexos.
Com a aproximação, delineiam-se ao fundo grandes vales cercados por protuberantes montanhas e suntuosas cordilheiras que lhe dão um contorno de profundidade e beleza sem igual. O cenário excede-se de magnífico a esplendoroso, quando deixa à mostra seus belos lagos e extensos e volumosos oceanos de águas verdes e azuis, exibindo essa cor toda especial ao planeta. Amplas planícies multicores e altos morros acobertados por belas e virgens florestas tropicais, predominam largamente todo o cenário até se perder de vista, atingindo a linha circular que divisa o céu da terra.
Espreitam com mais minúcias através de um poderoso telescópio, não maior do que uma filmadora, que exibe as imagens ampliadas em alta resolução na tela do computador de bordo. Ficam absortos e deslumbrados com essas imagens. Observar tais cenas precisas e com novos detalhes de elevada perfeição, só faz corroborar com suas primeiras impressões. Este é um grande e extraordinário achado.
Já são mais nítidos os detalhes e os pormenores antes imperceptíveis das grandes florestas verdes, banhadas por caudalosos rios de águas sinuosas, velozes, límpidas, às vezes barrentas. Arrastam consigo vidas que pululam ao longo de suas margens. Além das águas, outras vidas abundam grandemente nas matas verdejantes, onde se abrigam infinitas espécies responsáveis pela geração do equilíbrio ecológico.
A curiosidade dos observadores misteriosos e atônitos aumenta grandemente com todas essas maravilhas. Na verdade isso não é nenhuma novidade. São cenários vistos constantemente em suas moradas, não fosse o fato dessas cenas estarem sendo observadas num mundo que não é o seu, mas em um outro até então desconhecido, embora seja amplamente familiar.
Precisam ver mais de perto. Estudar as espécies. Saber o que fazem, porque estão ali e como vivem. Uma força incontrolável e irreprimível de conhecer os segredos guardados neste mundo recém descoberto provoca uma forte emoção temperada com euforia alucinante. Velozmente, sem fixar parada vasculham, procuram, observam e registram os novos seres. Eles se movimentam por terreno aberto e desmatado, por trilhas demarcadas, entretanto, ainda não estão muito nítidos. Aproximam-se ainda mais e os vêem agora em sua tela. Imagens precisas daqueles pontos antes quase sem formas, se movendo. Subitamente sentem-se imobilizados pelo inacreditável. Estarrecidos custam a respirar novamente, embora essa sensação tenha sido apenas por frações de segundos. A perplexidade invade suas mentes, paralisam seus movimentos, deixando-os boquiabertos.
― Incrível! São homens, são seres humanos que habitam esse planeta e como são semelhantes a nós? Tudo aqui parece ser idêntico, uma réplica de nosso próprio mundo?
Essa exploração de novos mundos foi muito mais surpreendente do que realmente esperavam. Todas estas descobertas certamente serão marcos importantes e decisivos para a vida no seu mundo. O resultado será apreciado pela alta cúpula do poder que saberá usar tais descobertas em benefício da nação.
― Acho melhor retornarmos. Já vimos o bastante e registramos imagens suficientes para comprovar as coisas magníficas e extraordinárias presenciadas aqui. Deixarão a todos completamente perplexos.
Ainda era dia claro, por volta de 18h30min, as pessoas olhavam para os céus. Seus olhares se convergiam para um mesmo ponto. Uma luz, velocíssima, foi vista cruzando a abóbada celestial, de um lado ao outro do horizonte e, subitamente desapareceu. Já não pode mais ser vista, sumiu sem deixar o menor vestígio. Apenas a pergunta querendo sair por entre os dentes dos observadores: O que era aquilo?
...
Fragmento do livro de ficção científica
"Mundos Paralelos - A outra face da Terra"